Hj de manhã Gui perguntou se amanhã já era quinta e se depois já ficaria em casa… Depois ele chorou, fez um pouco de “manha”…

Ao voltar para o prédio depois de esquecer o celular, encontrei com uma família de vizinhos que estava com seu filho pequeno (provavelmente da idade dos gêmeos) com uma carinha chateada e o pai explicando sobre depois da escola.

Vi o uniforme, perguntei se ele estava indo para a escola, o menino não me respondeu.

O pai ainda tentou: “mas a escola é legal, né?” expondo seus dentes de uma forma a dizer “não é não”.

Aí o menino respondeu bem objetivamente: “não”.

O pai: “É… pelo menos ele é sincero…”

Fiquei profundamente triste, pois só depois de adulto comecei a busca por minha autonomia. A busca por enfrentar situações que não concordo e que acredito poder ser diferente. E sofro muito com as dificuldades.

Por sorte, meus pais e as pessoas que conheci até hoje me influenciaram com uma boa dose de resiliência, capacidade de adaptação e valores constantemente em revisão e reconstrução para identificar o que não devo aceitar e devo questionar, e o que devo aceitar contextualmente.

Infelizmente, minha educação deixou-me cego sobre “as maiores dificuldades da vida”, na real não aprendi enquanto era pequeno que a vida não tinha “as maiores dificuldades da vida”, mas apenas a vida como ela é…

Complexa e singular.

Complexa no sentido de ser um emaranhado de experiências, descobertas, emoções como prazer e tristeza, e os poucos momentos estimulados para questionamento (autoconhecimento e conhecimento da relação de si para com o mundo, sim você vive no mundo e não numa bolha individual a não ser que você mesmo invente uma…). A complexidade em seu sentido de desconhecido contínuo é alimento da curiosidade humana e que deve ser preservada, ao contrário, da forma como correu minha própria educação escolar.

Singular porque a vida é percebida de uma maneira única por cada indivíduo. E é ilusão qualquer argumento que possa pressupor que uma pessoa é igual a outras ou age igual a outras pessoas. Ou, que seja, que uma “classe”/”grupo” (ou qualquer tentativa de rotulagem ou agregação)  de pessoas age de maneira X e outra de maneira Y. A vida é singular.

Dirijo principalmente esta reflexão a mim mesmo, pois tenho muito a mudar e descobrir para encarar, curtir e viver intensamente a vida desta forma: complexa e singular.

Complexa e singular. Uma educação assim eu quero poder proporcionar para meus filhos e as crianças que estiverem próximas a mim…
Que este incômodo não deixe meu coração e minha mente um único dia a partir de hoje.

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